
Caro Blog,
Hoje foi um dia grande e cheio de peripécias e estou em pulgas para te contar, se bem que algumas delas mereçam uma bolinha vermelha no canto superior… Na verdade uma bolinha não chega, deviam ser duas e a meio… Mas voltando ao que interessa, a malta juntou-se em trajes de elastano* nas bombas da Santa Rita e daí abalámos em direcção a Amarante e, até lá, a reportar apenas uns sobressaltos porque a condução do Coutinho estava esquisita, parecia que andava a evitar qualquer coisa ou a aquecer os pneus…
Equipámos rapidamente e partimos para cumprir a operação peixe-espada:
Distância – variável (91 quilómetros para uns 95 para outros, não houve consenso)
Acumulado – 1700 metros ou mais
Objectivos:
Cute – Voltar vivo e sem que lhe fizessem mal pois o Halibut estava a acabar;
Coutinho – Testar todo o novo equipamento, incluindo o velho;
Tu o’Six – Tentar atingir na descida do monte farinha mais de 100 à hora;
Chefe – Fazer 4 quilómetros e comprar uma cavaca;
Morcão – Pedalar e ouvir as histórias dos outros…
Partimos pela EN 210 e só paramos em Mondim para comprar maçãs, e sem desorientações a registar**, a malta rapidamente chegou à base do ‘Cone perfeito’. Apenas registo que o Coutinho voltou a fazer aqueles ésses estranhos, principalmente em zonas arborizadas…
No acampamento zero definimos a estratégia: - O Chefe iria à frente para fazer o reconhecimento, o Morcão e o Coutinho iriam lado a lado, mas não de mão dada, o Tu o’Six e o Cute iriam testar as pulseiras que traziam, força e o equilíbrio respectivamente. E lá começamos a subir e em poucos minutos deixamos de ver o Chefe. Havia medronhos por todo o lado, a paisagem outonal por aquelas bandas é magnífica! Às páginas tantas encontramos um grupo de motards chateados que nos perguntaram se conhecíamos um gajo que tinha passado por ali numa bike dourada e que lhes atirou um caroço de maçã e uma cavaca em forma de falo? Claro que conhecíamos e dissemos onde morava e o número de telemóvel e o e-mail, o nick do jogo online e o nome do cão, que a sua sala fica no meio de dois quartos e que tinha gasto meia lata de óleo do Coutinho e…
A pulseira do equilíbrio do Cute mostrou que funciona de facto pois no acampamento 1, junto ao tanque, ele agarrou-se a uma árvore e não caiu. Vou-lhe oferecer umas quantas, principalmente para ele usar quando formos a Quintarei, e se entretanto receber…
No acampamento 2 encontramos um Chefe desesperado, com uns óculos de sol à Lagerfeld e uma túnica de tuareg a cobrir-lhe a cara, só o reconhecemos porque estava muito chateado, não sei se era por causa do frio se por causa dos motards. Perguntou-nos aflito se tínhamos visto uns meliantes de mota, e claro que nós dissémos que não. Vai daí ele dispara a todo o gás na descida e nós lá continuámos a subir e a apreciar uns graffities asfálticos, quase todos assinados por um tal de Alfena… Gajo com tinta este Alfena!... No resto do subida encontramos vários sinais de medo dos motards deixados no asfalto pelo Chefe, pelo tamanho e frequência estava mesmo apavorado! Irra!
Passado alguns minutos, e depois do Cute se agarrar a mais um poste ou dois, chegámos! Ena pá, aquilo é alto, diziam! E bonito, diz o Coutinho! Estou cheio de força, diz o Tu o´Six a mostrar a pulseira amarela! O Cute só dizia ai, ai… Objectivo: CUMPRIDO!
Rezámos um pouco e pusemo-nos a mexer muito, pois fazia um frio! E galo dos galos, nos primeiros metros da descida começa a chover, irra! Fiz a descida com o Coutinho à minha frente a piscar, e eu a piscar com um e às vezes dois olhos tal era a força da chuva e do vento! Irra! Chegados ao acampamento zero fomos acolhidos calorosamente por um Chefe bem disposto (seco) dizendo que estava ali há 20 minutos (40 no total) e que não tinha visto chuva… Irra!!! E eu a sentir os parafusos nos meus ossos a ranger de frio, outra vez! Mas rapidamente o desânimo passou afinal o Tu o’Six tinha atingido 106 km/h! E ainda tinha forças! Tenho que lhe perguntar onde arranjou aquela pulseira!
Em Mondim restabelecemos forças num café, deixando uma pegada ecológica enorme e molhada, incluindo o Cute, que aqui já punha os pés no chão mas normalmente põem mais alguma coisa! Daí a Amarante só houve uma desorientação e chegamos 5 minutos antes do pôr do sol. O Coutinho voltou a fazer alguns esses e disse que um jogo devia ter acabado à pouco, porque os carros já iam com as luzes ligadas. Já em Amarante numa tasca junto à ponte de São Gonçalo (que foi afinal um beato) comemos e bebemos e descobrimos fobias, que sei vocês estão à espera que eu comente. Mas desenganem-se, eu sou um túmulo!

E foi assim, caro Blog, um passeio perfeito!
* Alguns Dupont
** Inédito
**** Oferecida por uma amiga que partiu a 3.ª vértebra do pescoço a descer da cama, mas ainda ficou com 6 boas !