Nem sei por onde começar a crónica, um pediu-me para ser leve na escrita, outro para escrever sem problemas e ainda outro disse que nunca chegaria a Pro, enfim... No fim-de-semana mais longo do ano dos Enterras partimos 13* da casa do GF ao pé de Vila Real para percorrer o ciclo-trilho do Corgo no sábado, 23444º dia da Nova Grande Depressão. A novidade agora é que a Troika poderá passar a Doika... E que tivemos entre nós o XC, homem da competição, com muito para ensinar sobre pedalar...
Dia 1
Etapa 1: Vila Real - Quase Nossa Senhora dos Remédios - Régua
Pedalamos em direcção à estação ferroviária de Vila Real onde entrámos no trilho da CP em muito boas condições: terra batida, estações abandonadas, regos traiçoeiros e pontes, muitas pontes para passar a pé, ora devagar ora a correr à frente do comboio. E a paisagem? Pois, a paisagem é... E os peixes? E os bichos azedos? E o cheiro das plantas? O furo do Eléctrico e zig-zags do Orlandini?!
Num instante estávamos na Régua a passar mais uma ponte em direcção a Lamego para aí contar os famosos degraus e comprar uma pomada para o Indeciso, que entretanto se tinha magoado num rego ou por alí. Mas não tivemos tempo de lá chegar pois após uma pequena discussão no meio da subida, o instinto gaulês falou mais alto e levou-nos ao Maleiro, não sem antes retirar as dores do nosso companheiro com dois Voltarenes Rapid.
Sobre o restaurante e para o guia Michenterra proponho três estrelas, numa escala em que uma corresponde a nada satisfeito e cinco a completamente satisfeito e com uma gaja de cada lado... Outra proposta, esta do GF, é a de fazer uma votagem* para definir um hino para o grupo, assim tipo bandeira. Eu aproveito e dou já a minha sugestão pensando no nosso mais irrequieto elemento: 'I can't fly'.
Etapa 2: Régua - Universo Paralelo - Vila Real
Se sair da cama e subir Quintarei é do piorio para alguns Enterras o que dizer de sair do Maleiro com a barriga cheia e com a vista toldada pela falta de óculos e presença em abundância de branco e tinto da zona? DML! Grandes paredes tem o Caminho de Santiago Português Interior! Tão grandes que às páginas tantas três fugitivos escolheram um trajecto por um universo paralelo. E o que eles perderam? Pois... Perderam a génese de quiçá o novo Irrequieto e mais além, no mínimo.
As paredes sucediam-se com proporcionais descidas, uma passagem por Santa Marta de Penaguião e mais paredes e mais descidas. A zona demarcada dos vinhos do Porto era evidente, as terras ordenadas por vinhas muito verdes formavam pequenos socalcos aqui e ali com altura considerável, tanto é que éramos nove e oito acharam por bem fazê-los a pé. Agora o nosso amigo Orlandini não! Não era um trilho com uma nesga de largura e um precipício que o ia demover de pedalar. Nem pensar! O resultado foi o esperado: um enterra entalado e oito não...
Quando cheguei a casa do GF pensei que estava enganado, que estava na reserva e que a falta de visão ainda estava pior. Fui recebido pelo estalar de uma reflex, copos de champanhe, brasas no churrasco e cerejas a embelezar o tejadilho dos carros... Bela organização! Só faltava uma partida de póquer, uns foguetes durante a noite e umas gajas... O banho podia ficar para amanhã... E o resto da história...
Dia 2
Etapa 3: Vila Real - Serra do Marão
Afinal demorei um pouco mais a voltar aqui e ainda não tomei banho mas prometo tomar...
Depois da alvorada do dia 23445 seguimos a nacional 15 em direcção ao alto de Espinho sempre a atarraxar e desatarraxar conforme indicações do XC. Naquele dia estava a 900 metros de altitude por isso a subida foi mais suave e depois de abastecer atacamos a subida até às antenas onde o XC chegou dando 5 minutos ao nosso benjamim e só atarraxou um bocadinho pois no dia seguinte ia até à Senhora da Graça... Irra...